EUA entram em guerra com Irã e ameaçam custos do agronegócio brasileiro

A confirmação da participação direta dos Estados Unidos no confronto entre Israel e Irã, autorizando ataques a instalações iranianas em 21 de junho, elevou os riscos geopolíticos no Oriente Médio. Entre as possíveis represálias, o bloqueio do Estreito de Ormuz ganhou destaque — rota vital por onde circulam cerca de 20% do petróleo e diversos insumos essenciais, como fertilizantes nitrogenados.
Por que isso afeta o agronegócio brasileiro?
Frete marítimo mais caro
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Com o risco de bloqueio em Ormuz, navios precisarão optar por rotas mais longas, aumentando o tempo de viagem e os custos logísticos. Isso impacta diretamente o transporte de combustíveis e insumos agrícolas importados.
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Alta nos preços internacionais
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Pressões sobre o preço do barril Brent, que pode ultrapassar os US$ 100, refletem no aumento dos custos de diesel, fertilizantes e frete. O Brasil importou US$ 13,6 bilhões em fertilizantes em 2024, sendo 85% dessas importações de fornecedores externos.
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Margens reduzidas no campo
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A elevação nos custos de insumos, transporte e energia pressiona a rentabilidade das principais lavouras brasileiras, especialmente milho, soja e cana-de-açúcar.
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Desvalorização cambial e inflação
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O risco externo estimula a fuga de capital e desvalorização do real, tornando importações mais caras. O dólar é reforçado por incertezas globais, aumentando o custo dos insumos e pressionando a inflação doméstica.
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Cenário de fornecimento de fertilizantes
O Brasil depende fortemente de fertilizantes nitrogenados, 20% do fornecimento vem do Irã, Egito e Emirados, totalizando 44,3 milhões de toneladas consumidas. Nos últimos dias, o preço da ureia subiu de US$ 385/ton a entre US$ 395 e US$ 435/ton, segundo StoneX. A combinação de rota mais longa, frete e recuos no fornecimento pressiona ainda mais o mercado.
O que vem pela frente?
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Alta contínua no petróleo: com o conflito se intensificando, o Brent já oscila entre US$ 71 e US$ 78, com potencial para atingir US$ 110 a US$ 130.
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Selic mais rígida: diante da inflação e pressão sobre os custos, o Banco Central deverá adiar cortes na taxa de juros, atualmente em 15%, comprometendo crédito e investimentos.
Como se preparar?
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Planejamento antecipado: compras antecipadas de fertilizantes podem mitigar efeitos da volatilidade.
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Gestão de riscos cambiais: estratégias como hedge cambial podem proteger contra o real desvalorizado.
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Eficiência energética: otimizar o uso de diesel e melhorar a logística reduz custos.
Conclusão
A entrada dos Estados Unidos na guerra entre Israel e Irã trouxe um risco global que pode pressionar fortemente os custos do agronegócio brasileiro. Do encarecimento dos fertilizantes ao aumento do frete e risco cambial, o campo precisa de estratégia, governança e análise constante para não ser penalizado por um conflito distante, mas com impacto direto em sua competitividade.